Os primeiros anos de vida de uma criança são um período de extraordinária plasticidade cerebral. As experiências vividas nesta fase têm um impacto duradouro na saúde mental e física de uma criança. É essencial que os pais, ou cuidadores e até mesmo os profissionais, educadores e profissionais de saúde estejam bem preparados. Ou seja, é importante que todos estejam informados e capacitados para entender sobre o que é a birra e o terrible two, assim como, saber como lidar com estas fases, proporcionando assim um ambiente enriquecedor e seguro para as crianças.
O período de 2 a 3 anos então nem se fala, é um período crítico para o desenvolvimento cerebral das crianças, sendo caracterizado por uma intensa neuroplasticidade.
A neuroplasticidade refere-se à capacidade do cérebro de reorganizar suas conexões em resposta a novas experiências e aprendizados. Este conceito é fundamental para entendermos então os comportamentos desafiadores das crianças de 2 a 3 anos, como as crises de birra e o tão falado e famoso: “Terrible Two“, que são comuns nesta fase do desenvolvimento.
Desenvolvimento Cerebral de Uma Criança de 2 Anos
Bem, desde o nascimento, o cérebro do bebê passa por inúmeros e rápidas mudanças. Diferente da maioria dos órgãos, onde novas células surgem de divisão das existentes, o cérebro cresce por modificações dos neurônios já presentes.
E o mais importante saber é que esse desenvolvimento é influenciado pela interação dos cuidadores, sendo fundamental para a formação de redes neurais que suportam funções complexas como a regulação emocional e a cognição.
Já deu para perceber a essa altura que as birras e o famoso “terrible two” são comportamentos bem desafiadores e comuns de serem enfrentados por muitos pais. É que nesta fase, as crianças, geralmente entre 2 e 3 anos, passam por um período intenso de desenvolvimento emocional e cognitivo.
O que são as Birras e o Terrible Two?
As birras são como se fossem explosões emocionais que as crianças pequenas têm quando se sentem frustradas, cansadas ou incapazes de expressar seus desejos e necessidades de maneira adequada.
Essa fase é conhecida como “terrible two” porque é comum que crianças de dois anos passem por um período de intensas birras e comportamento desafiador.
Mas durante esse tempo, elas estão começando a desenvolver um senso de independência,e ainda não têm habilidades de comunicação totalmente desenvolvidas para expressar suas emoções e desejos. Assim como elas não conseguem voltarem ao seu estado emocional equilibrado sem ajuda de um adulto. Justamente por isso, o acolhimento de um adulto é extremamente importante neste período.
Causas das Birras
Quando uma criança está numa crise de birra, os adultos que não possuem conhecimento do assunto começam julgar sem conhecimento técnico e sem saber como lidar, e ao julgar uma criança fazendo birra em público, muitas vezes esquecem de considerar diversos fatores que influenciam esse comportamento. Algumas das principais causas incluem:
- Desenvolvimento de Independência: Conforme já falamos acima, as crianças nessa idade estão aprendendo a fazer coisas por conta própria e querem exercer controle sobre o ambiente ao seu redor. Quando não conseguem, ficam frustradas.
- Limitações na Comunicação: As crianças ainda não têm vocabulário suficiente para expressar o que estão sentindo ou desejando, resultando em frustração e, consequentemente, birra.
- Mudanças na Rotina: Eventos como o nascimento de um irmão, mudança de casa, ou qualquer alteração significativa na rotina pode desencadear birras.
- Personalidade da Criança: Algumas crianças têm temperamentos mais difíceis e podem ser mais propensas a ter birras.
Estratégias para Lidar com as Birras:
1. Mantenha a Calma!
É essencial que os pais mantenham a calma durante uma birra. Gritar ou perder a paciência pode agravar a situação. Pois a criança não sabe voltar ao emocional calmo sozinha e precisamos acolher ela nesta situação. Quando a criança tiver em crise de birra é bacana agachar-se ao nível da criança, olhar nos olhos dela e tentar compreender o que ela está tentando comunicar.
2. Comunicação Empática
Uma estratégia útil é se comunicar com empatia e tentar traduzir o que a criança está sentindo ou precisando naquele momento.
Por exemplo, se é perto da hora das refeições, e você perceber que ela está ficando irritada, pode ser que a criança esteja com fome. Verbalizar isso para a criança de forma clara pode ajudar a acalmá-la: “Eu sei que você está com fome, a mamãe também está, estamos quase chegando ao restaurante e já iremos comer juntos.”
3. Estabelecer Limites Claros
Embora seja bem importante sermos compreensivo, também é essencial estabelecermos limites claros. As crianças precisam entender que certos comportamentos não são aceitáveis. Existe uma técnica de contar até três para ajudar seu filho a se acalmar e entender que há consequências para suas ações.
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4. Procure Entender o Contexto
Às vezes, as birras são um reflexo de algo mais profundo que está acontecendo na vida da criança ou na dinâmica familiar. Às vezes as crianças não conseguem comunicar o que realmente sentem e o contexto para nós é diferente para elas. Mudanças significativas ou tensões em casa podem afetar o comportamento da criança. Identificar esses fatores pode ajudar a abordar a raiz do problema.
5. Autocuidado dos Pais
É importante lembrar que como pais também precisamos cuidarmos de nós mesmos, ter uma qualidade de vida, de sono para podermos enfrentar birras constantes. Sim, enfrentar as birras pode ser estressante, e primordial que encontremos maneiras de descansarmos e alternativas para recarregarmos as nossas energias.
Finalizando nossas dicas de como lidar com birras e terrible two:
As birras e o “terrible two” são uma fase normal do desenvolvimento infantil e não indicam que os pais estão falhando. Aliás, eu diria mais, que a birra e terrible two são parte normal do desenvolvimento infantil e estão intimamente ligados ao processo de neuroplasticidade.
No entanto, meus caros pais, cuidadores e educadores. Compreendermos como o cérebro da criança se desenvolve e reage a novas experiências podemos lidar de maneira mais eficaz com esses comportamentos. Logo, estratégias consistentes e paciência são fundamentais para apoiarmos as crianças nestes momento e ajudarmos elas a terem um desenvolvimento saudável do cérebro e o comportamento regulado da criança, evitando assim, que cresçam adultos infantizados sem empatia pelo próximo.